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Importância (da gestão) das pessoas na era da indústria 4.0

28-11-2019


A indústria 4.0 traz consigo o receio da perda da importância das pessoas. Uma análise mais profunda mostra o contrário: com a tecnologia ao alcance de todos, é com os factores humanos que as empresas se diferenciam. 

 

A tecnologia é útil na medida em que responde a necessidades que as pessoas sentem, contribuindo para o processo de melhoria continua. Ouvir as equipas, perceber as dificuldades que têm, e envolve-las no processo de gestão é a sequência que garante o sucesso de uma indústria cada vez mais tecnológica. É a base da metodologia Toyota Kata, com mais de 70 anos, replicada com êxito em muitas outras industrias de diferentes sectores.

 

Uma das vantagens da Inteligência Artificial é a produção de dados que permitem melhorar padrões, mas é aos recursos humanos que cabe validar a amostra e agir, um processo que tenderá a ser cada vez mais liderado pelos próprios, de forma transversal, sem entraves ou imposições hierárquicas.  

 

Não existem sistemas informáticos à prova da vontade de quem executa. A digitalização da economia traz consigo ferramentas que facilitam o diagnóstico de problemas e suportam o processo de melhoria contínua, mas para a implementar é precisa acção.

 

Oportunidade para humanizar a indústria

 

A digitalização da economia ajuda a tomar melhores decisões, decisões mais humanas, no sentido de um trabalho mais produtivo e com menor esforço.

 

Ao libertar as pessoas de tarefas rotineiras e repetitivas, a tecnologia deixa espaço para funções mais criativas, as que verdadeiramente acrescentam valor à empresa, como a atenção ao cliente. Muitos defendem que a indústria costumizada só terá sucesso se a comunicação continuar a ser feita cara-a-cara.

 

Mais relação entre as pessoas, menos hierarquias

 

A velocidade dos projectos é cada vez maior, e as empresas precisam de uma estrutura ágil que permita responder, em tempo útil, a exigências internas e externas. Como tudo tem de ser feito de forma mais instantânea, é importante que a comunicação seja fluída, sem resistências e sem conflitos, ou seja, que a qualidade da relação entre as pessoas seja cada vez melhor. É também neste sentido que as hierarquias, na sua acepção mais tradicional, tenderão a desaparecer.    

 

Equipas multilingues e multiculturais

 

A digitalização da economia reflecte-se também em projectos cada vez mais globais, e a tónica recai novamente nos recursos humanos: equipas multilingues e multiculturais, com vários níveis de conhecimento, em áreas distintas como a produção, comercial, logística e de gestão de projectos. 

 

Questões comportamentais e de motivação mitigam-se contratando pessoas alinhadas com os valores da organização (que sabem como se faz, e se revêem no porquê de ser feito), direccionando-as para funções onde se sentem bem. Pessoas motivadas e envolvidas tendem a dar o melhor de si, com menos conflitos e fontes de tensão. 

 

Confiar para mudar

 

Os chavões associados à Indústria 4.0, à robótica e à inteligência artificial estão envoltos em receio e ansiedade, obscurecendo o verdadeiro sentido da mudança: a melhoria das pessoas e das equipas, que naturalmente se repercutirá no sucesso das organizações. Confiando que a tecnologia será usada a seu favor, e não contra, os recursos humanos estarão disponíveis para aderir à mudança e prestar o seu contributo diário

As empresas industriais não nascem 4.0 e o processo de transformação, para ser bem-sucedido, exige o envolvimento de todos.

 

5 ideias chave: 

1 - Com a tecnologia ao alcance de todos, é com factores humanos que as empresas se diferenciam 

2 - A tecnologia é útil na medida em que responde a necessidades que as pessoas sentem

3 - A digitalização da economia ajuda tomar melhores decisões, decisões mais humanas

4 – Com os processos de melhoria conduzidos de dentro para fora, as hierarquias tendem a desaparecer

5 - Os recursos humanos precisam de sentir confiança para aderir à mudança. Compreenderem que a tecnologia será usada a seu favor é essencial



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